Falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal gera insatisfação dos médicos internos
Com o objetivo de conhecer a satisfação dos médicos internos com a sua formação, o Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem dos Médicos (CNMI) realizou, pelo terceiro ano consecutivo, o Inquérito de Satisfação do Internato Médico.
Embora a maioria dos médicos internos inquiridos se encontre globalmente satisfeita com o internato médico, o reduzido apoio financeiro e/ou logístico à realização de atividade científica (pontuação de 1.73/4) e o difícil equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal (2.37/4) são os principais aspetos geradores de maior insatisfação.
Tal como em estudos anteriores, a ausência no horário laboral de tempo protegido para o estudo autónomo (1.65/4) é o maior ponto de insatisfação dos jovens médicos, que também avaliam negativamente os recursos científicos disponibilizados, como biblioteca e acesso a literatura atualizada (2.13/4).
Os resultados “preocupam, mas não surpreendem”, como conta José Durão, presidente do CNMI. O médico garante que “é a sustentabilidade dos recursos humanos médicos em Portugal que está em causa”, uma opinião partilhada por Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, que sublinha a importância de “reforçar as condições dadas aos médicos internos, providenciando os recursos e o suporte para que continuem a crescer como profissionais”. Carlos Cortes lembra que “os médicos internos estão expostos a situações de grande pressão, que muitas vezes resultam em episódios de violência e problemas de saúde mental” e que, por isso, “é preciso agir de forma incisiva e urgente para garantir uma formação ainda mais completa e humanizada”.
Pelo lado positivo, os médicos internos revelam maior satisfação com a especialidade (3.02/4) e com o orientador de formação (3.28/4). Embora seja positiva, a satisfação com o serviço de formação é mais reduzida (2.82/4).
O Inquérito de Satisfação do Internato Médico foi realizado em parceria com o Conselho Nacional do Internato Médico e a Administração Central do Sistema de Saúde.